12.12.16
Álbum de Elza Soares entra para ranking do The New York Times
O "The New York Times", principal jornal dos Estados Unidos, rankeou "A Mulher do Fim do Mundo", da cantora brasileira entre os 10 melhores álbuns de 2016.
Três críticos renomados foram convidados; a indicação do álbum veio do jornalista e músico Jon Pareles, chefe da editoria de artes do veículo, que selecionou apenas 10 discos.
"Não é preciso de tradução para reconhecer a ira e a raiva de A Mulher do Fim do Mundo, da Sra. Soares, uma cantora de samba de 79 anos, que há tempos é celebrada no Brasil. Ela usa a rouquidão, mas continua comandando o estado de sua voz para lançar músicas sobre abuso, pobreza e história, luxúria e violência. Sra. Soares é instigada por músicos de São Paulo que descrevem sua música como "samba sujo". Eles espetam o samba tradicional com guitarras distorcidas, tambores agressivos e eletrônicos indisciplinados que destacam como a Sra. Soares permanece indomável", disse Jon.
O álbum recebeu críticas positivas, sendo elogiado por diversas publicações, tanto brasileiras como internacionais. Luiz Fernando Vianna, do jornal Folha de S. Paulo, diz que "a favela (ou as 'quebradas') é o cenário do fim do mundo (ou do Brasil) e o lugar onde ele pode ser reconstruído", e enfatiza que Elza sempre renasce das cinzas, dando destaque para canções como "Luz Vermelha", que mostra o "apocalipse recortado em cenas de periferia, tiroteiro, ruas esvaziadas", e "Maria da Vila Matilde", que diz ser "a canção do fim", ao retratar a violência doméstica. Mauro Ferreira, inicia sua análise do álbum dizendo que a cantora é "dura na queda" e que é uma "sobrevivente de um mundo onde a tristeza não tem fim", e diz que o álbum representa "mais uma lágrima negra que escorre sobre a pele escura" de Soares. Em meio a elogios as onze faixas de A Mulher do Fim do Mundo, Ferreira diz que Elza "legitima seu encontro antológico com o núcleo de músicos paulistanos que fizeram a artista dar um passo além em discografia que já parecia estagnada" e diz que ela "renasce com disco pautado por samba roqueiro nascido da do que impulsiona sua vida punk".
Silvio Essinger, do O Globo, diz que A Mulher do Fim do Mundo "não é só o primeiro disco de inéditas de uma das maiores (e certamente a mais visceral entre as) cantoras do Brasil. É um triunfo da vitalidade e da coragem de quem foi inúmeras vezes desenganada e que deu a volta por cima", destacando que nunca antes Soares "soou tão negra", em um repertório que ele classifica como cruel, barulhento e angustiador (apesar de pacífico ao ouvinte). O El País, publicou a crítica de Carlos Galilea que define o poema "Coração do Mar", musicado por José Miguel Wisnik, como sendo "um parto em cada sílaba", e sintetiza o encontro da cantora com artistas independentes de São Paulo como "samba com ruído, cavaquinho em rock’n roll distorcido, metais do grupo Bixiga para a sexualmente explícita".
Philip Sherburne da Pitchfork, um dos sites de música mais importantes do mundo, o elegeu com o título de melhor novo álbum. No artigo, o site diz que "você não precisa entender Português para sentir o peso de suas palavras", e que Soares “desenvolveu uma das vozes mais distintas da Música Popular Brasileira”.[29] Além disso, a revista também elegeu o álbum um dos melhores de 2016, comentando que "em 'A mulher do fim do mundo', Elza Soares fez o álbum de sua vida, em todos os sentidos".
O álbum também foi elogiado pelo jornal britânico The Guardian, que deu cinco estrelas ao projeto e afirmou que era o "álbum brasileiro do ano". A publicação concluiu comentando que "com mais de 70 anos, Elza Soares, a rainha brasileira do samba, ainda domina".
Através de seu website, a rádio NPR, comentou que "em seu novo álbum, Elza Soares canta sobre o lado obscuro da vida brasileira". A crítica continua elogiando ao comentar que na canção "Pra Fuder", "depois de décadas passeando como um objeto, a garota de Ipanema finalmente marchou, agarrou a guitarra e agora está cantando sobre seus próprios desejos selvagens", e conclui ao dizer que "com 'A mulher do fim do mundo', Elza nos leva para além da imagem de cartão-postal através das realidades conflitantes do Brasil enquanto explora um som moderno".
No Top 10 de Pareles, ainda há Beyoncé com Lemonade e o último álbum de David Bowie, Blackstar. Veja a lista:
1. BEYONCÉ “Lemonade”
2. DAVID BOWIE “Blackstar”
3. A TRIBE CALLED QUEST “We Got It From Here … Thank You 4 Your Service”
4. RADIOHEAD “A Moon Shaped Pool”
5. LEONARD COHEN “You Want It Darker”
6. BON IVER “22, a Million”
7. MARGARET GLASPY “Emotions and Math”
8. ANONHI “Hopelessness”
9. SAVAGES “Adore Life”
10. ELZA SOARES “A Mulher do Fim do Mundo”
Confira a matéria completa e indicação dos demais críticos.