20.1.19

Disco 'Refavela', de Gilberto Gil, vira coleção da Redley

A Redley lançou no dia 18 de janeiro, uma coleção inspirada no famoso álbum "Refavela", de Gilberto Gil. Roupas e acessórios coloridas e irreverentes, como pochetes de pescoço, saias transpassadas e camisetas com trechos das músicas do disco, lançado em 1977, são algumas das criações especiais.


 Ao todo, foram dez peças desenvolvidas, que serão usadas não só por músicos da banda, mas também pelo próprio Gil durante os shows que acontecerão nos dias 25 e 26 no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Uma pop-up será montada no evento durante as duas noites para que o público possa comprar as peças. Em entrevista ao Fashion Network, a gerente de branding da Redley, Mariana Egert, contou um pouco mais sobre a collab. Confira a entrevista para o portal Fashion Network.

FASHION NETWORK: Como surgiu a ideia da parceria? 


MARIANA EGERT: A Redley tem uma relação antiga com a música, mas que estava há um tempo adormecida. No passado, na década de 1990, chegamos a ter um selo, o Redley Records, que trazia novos nomes para a cena, além de apoiar artistas já estabelecidos. Vimos nessa parceria a oportunidade de reavivar essa relação com música e cultura que faz parte do nosso DNA.

Como foi o processo criativo da coleção?

MARIANA EGERT: O projeto da turnê é liderado pelo Bem Gil. Eles nos procuraram com a ideia e foi muita sinergia. Redley e Refavela tem quase o mesmo tempo de existência e compartilham da mesma essência, são movimentos que têm origem no mesmo lugar. A partir disso, iniciamos o desenvolvimento das peças. Todo o projeto original do Refavela já tem uma estética muito forte e buscamos utilizar esses elementos na construção da collab.

Qual o maior desafio de criar uma coleção inspirada em um disco tão icônico?

MARIANA EGERT: O maior cuidado foi preservar a forte identidade do disco. Buscamos transpor para as roupas todo o mix de referências dos ritmos que permeiam o álbum por meio das estampas e frases icônicas de trechos das canções.

Há planos de parcerias com outros artistas?​

MARIANA EGERT: Sim. Há pouco tempo, estivemos presentes no Rock The Mountain, um festival importante para a nova cena musical. Além disso, estamos lançando uma parceria com o Digital Dubs para os próximos bailes que vão acontecer.

Confere o resultado da coleção!

Um overview do Mestre sobre o projeto




Sobre o Refavela 40

Na fala de Gilberto Gil inserida como sample na introdução do show Refavela 40, o cantor, compositor e músico baiano conta que assumiu a definição dada ao álbum Refavela (Philips, 1977) – "um disco negro para todas as cores" – em resenha escrita por jornalista do Sul do Brasil. Pois o show Refavela 40, cuja turnê nacional estreou no palco carioca do Circo Voador aos primeiros minutos deste sábado, 2 de setembro de 2017, é show negro feito por e para gente de todas as cores com o intuito de celebrar os 40 anos de um dos álbuns mais visionários da discografia de Gil.





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Concretizado por Bem Gil (filho do mentor do disco), a partir de ideia dos músicos Thiagô de Oliveira e Thomas Harres, o show Refavela 40 amalgama todos os ritmos do álbum no roteiro que abre espaço para solistas como Céu, Maíra Freitas e Moreno Veloso. A banda – formada por excelentes músicos contemporâneos como o próprio Bem Gil (guitarra), Bruno Di Lullo (baixo), Domenico Lancellotti (bateria), Mateus Aleluia Filho (trompete) e os já mencionados Thiagô de Oliveira (saxofone) e Thomas Harres (percussão), além de Moreno Veloso (na percussão) – contribui para expor a multiplicidade de tons e cores do show, traduzida no cenário-origami criado por Celina Kuschnir para adornar o palco.

Refavela é um álbum de 1977 do cantor, compositor e músico Gilberto Gil, pelo selo Phonogram, da trilogia RE, que se refere aos álbuns: Refazenda (1975), Refavela e Realce.



Em 1977, Gilberto Gil participou do 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra (FESTAC 77) em Lagos, Nigéria. O evento reuniu 50 mil artistas afrodescendentes e da diáspora negra, dentre eles o artista Fela Kuti, que influenciou Gil na sonoridade afrobeat e juju. Houve também a influência do funk americano; do reggae; dos blocos carnavalescos baianos Ilê Aiyê e Filhos de Gandhy, que propunham a reafricanização do carnaval; e do Movimento Black Rio.

Assim como Refazenda, que revisitou suas raízes nordestina, o álbum Refavela surge com a ideia de revisitar suas raizes africanas. A canção "Babá Alapalá" reúne os orixás em um assunto de ancestralidade africana . "Balafon" é sobre o instrumento de mesmo nome que Gil ganhou de presente da Nigéria, a música tem a fórmula de compasso em 3/4 e é reconhecida pela estrutura poliritmica.