11.10.15

19 mantras para entoarmos para nossas pretinhas | MC Soffia:Princesinha que nada!

Muito se fala sobre empoderamento da mulher e posteriormente sobre mulher negra.
Nós, empoderadas de hoje, sabemos o quanto doeu o crescimento. Às vezes se cresce muito rápido, ali na pressão, no susto, no calor de uma discussão sobre discriminação; enquanto as lágrimas correm no rosto.

Com otimismo digo que o mundo de hoje é menos cruel que o de ontem, mesmo assim precisamos preparar as nossas pretinhas. Uma mulher negra, poderosa, educada e empoderada é um projeto ousado, comece-o agora!

19 mantras para entoarmos para nossas pretinhas  

Já falou? Repete, de novo e de novo... elas precisam ouvir até que absorvam todas essas verdades!

1. Você é linda. Você é talentosa. Você é amada.



2. Você pode ser o que quiser ser. Nem o céu é limite pra você.



3. Sempre experimente coisas novas, é assim que você vai aprender quais são seus talentos.



4. Se você não vê ninguém fazendo algo que você quer fazer e acredita que pode ser extraordinário, 
não tenha medo de ser a primeira a experimentar!

5. Sua pele cheia de melanina é perfeita.

6. Ser "muito negra", ou "não ser suficientemente negra" não são coisas reais. Todos os nossos tons são bonitos.


7. Os livros são seus melhores amigos – e a melhor maneira de ampliar conhecimento fora da sala de aula.

8. Sua história não começou com a escravização. Você tem uma história rica e descende do continente onde a vida humana começou.

9. A única parte do corpo que você precisa usar para chegar à frente na vida é o seu cérebro (mas não sinta vergonha do corpo maravilhoso que possui!). 

10. Não tenha medo de contar sua história e sua verdade.




11. Às vezes você vai ser a única menina negra no lugar, mas isso não faz de você estranha. Isso te torna única!

12. Haverá momentos em sua vida onde você terá que lidar com decepções. Mantenha sua cabeça erguida, mesmo nos momentos mais difíceis. Mesmo assim não se envergonhe de sentir dor. Você não precisa ser forte o tempo todo.

13. Você não é responsável pelos erros que seus pais possam ter cometido. Não carregue esse fardo na vida.


14. Não há cabelo "ruim". Não há cabelo "ruim". Não há cabelo "ruim". Não há cabelo "ruim". E qualquer um que te disser que há, está mentindo.

15. Seu cabelo natural desafia a gravidade - você é mágica.

16. Porque seu cabelo desafia a gravidade as pessoas vão querer tocá-lo. E você está autorizada a dizer "não!" se não quiser que toquem.


17. Você é responsável por sua própria felicidade.

18. "Não" é uma palavra poderosa. Não tenha medo de usá-lo.



19. Aproveite sua infância! Estes são os anos em que você pode aproveitar muito mais a maravilha de ser uma menina negra e livre. 

Texto original   |   Tradução   |   Fotos:  Aaaahhhh... as fotos! lindas, né? Muitas a gente já viu rodando pela internet. São todas de um estúdio gringo de fotografia, localizado em Atlanta; o Creative Soul!

Um amostra grátis dos efeitos que destes mantras é a pequena grande rapper Soffia.

PLUS > MC Soffia: Princesinha que nada!

Soffia tem 11 anos e, como toda menina normal, vai à escola, gosta de estudar e mais ainda de brincar. Carrega no olhar toda a curiosidade sagaz de quem está descobrindo o mundo. Porém, desde os seis anos, é MC Soffia e tem mais tempo de carreira do que muito marmanjo do hip hop que está surgindo por aí. Ela canta sobre sua própria realidade de menina negra, que precisa se amar e se afirmar todo dia.

Junto com sua mãe, Kamilah Pimentel, recebeu a Tpm no apartamento em que moram, na Cohab Rap Tavares. Muito enérgica, Soffia nos mostrou seu quarto e suas bonecas, feitas à mão pela avó. Ela contou quando foi que começou a cantar. "Eu participava do Futuro do Hip Hop [organização infantil] e tinham várias oficinas; de DJ, MC, grafite e break. Eu gostei muito da de MC e comecei a fazer as minhas músicas, que falam sobre racismo."

Kamilah foi a responsável por apresentar Soffia a essa cultura. Ela engravidou aos 18 anos e, mãe solteira em tempo integral, sua dedicação à filha é prioridade desde que ela nasceu. "Sempre pensei no que fazer pra que ela não sofresse tudo o que eu sofri.

Os primeiros shows de Soffia foram em eventos regionais de rap, mas ela já fez apresentações de peso ao lado dos Racionais MC's e de Flora Matos. Também se apresentou no Vale do Anhangabaú, no aniversário da cidade de São Paulo. "Eu tinha uns 7 anos. Tinha muita gente! Fiquei nervosa, mas como eu era criança, não liguei. Cantei e dancei demais. Foi muito legal", conta, e garante que aguenta a responsa, mas não canta à noite porque é hora de dormir.

Sua matéria preferida é história e, incentivada pela mãe e pela avó, gosta muito de pesquisar. Em sua música "África", são citadas várias mulheres, descobertas por essas pesquisas. Entre elas, Carolina de Jesus, Chica da Silva e Dandara. A mãe conta que "o problema das periferias é que falta acesso à cultura. Então, procuro fazer isso por ela. Fomos em uma exposição da Frida Kahlo e ela achou a Frida estranha. Ela foi, pesquisou sobre ela e desconstruiu aquele pensamento".

Ela se lembra de todos os episódios de racismo que enfrentou na escola, inclusive, que contou à sua mãe que queria ser branca. A mãe, Kamilah defende que o primeiro contato com o racismo vem da escola. Para deixar a filha o mais forte possível, ela começou parando de alisar os próprios cabelos. Depois, dando apenas bonecas negras. "Busquei ser uma referência pra ela. Se ela brinca que as bonecas são da família, elas têm que ser parecidas com a gente. A criança precisa se reconhecer enquanto brinca. Conforme ela foi crescendo, comecei a forçar nela a questão da leitura", conta.

Hoje ela oferece oficinas de hip hop na escola de Soffia, que fala orgulhosa sobre os grupos de discussão de racismo que participa. A pequena acredita que deveria ser regra em todo colégio: "Existe uma lei que diz que é obrigatório falar da cultura negra nas aulas. Onde eu estudo tem esses grupos, mas deveria ter nas outras escolas também. Tinha que falar da cultura africana da creche até a faculdade, pra criança já sair sabendo a valorizar sua cor e sua origem".

Quando perguntada se ela acha que a filha sofre mais por entender a maldade do mundo, Kamilah balbucia e não tem resposta certa. "Ela sofre, porque assiste uma TV, vê uma chacina e sabe exatamente o que aconteceu. Mas uma pessoa que não tem essa consciência, que se espelha em um outro padrão de beleza e que não se apropriou da sua própria história, também sofre."

Por outro lado, ela garante que Soffia só tem tempo de ser criança. "A vida pra ela é uma brincadeira. Na concentração do show ela fica dando cambalhota, correndo, andando de skate… Quebra a cara. Ela é terrível! Uma vez me questionou: mãe, você garante que eu sempre vou brincar? É claro, garanto que vai brincar e estudar também. Esse é o nosso acordo desde que ela decidiu cantar", conta.

A MC não desmente: "tem que ser uma brincadeira, mas também um trabalho. Eu tô cantando pra passar a mensagem e não só pra receber dinheiro. Meu sonho é ser famosa, dar várias entrevistas. Quando crescer quero ser médica, cantora, atriz, um pouco de modelo e jogadora de futebol. Não sei se vai dar, mas eu falo assim porque quando a gente é criança fala um monte de coisa!"

Com a agenda cada vez mais cheia de shows e a carreira andando a mil por hora, as duas estão descobrindo que é, sim, possível transformar a realidade de muita gente com esse trabalho. "Criar um filho sozinha não é fácil, eu tive que mudar a minha vida inteira. Até hoje eu pergunto se é o que ela quer. O meu sonho é que o sonho dela se realize, por isso vou correr atrás do que for", finaliza a mãe de Soffia.



Via TPM 


Um viva para nossos tesouros, nossos futuros.

Que possamos cumprir a especial missão de cuidar bem deles!