22.7.15

‘Quase Samba’ quer confrontar o Brasil com afeto | Sessão à 1 real no Cine Olido!


Ricardo Targino esteve na Marcha dos Cem Mil de Brasília (1999) e ocupou Wall Street. Fez doutorado em Comunicação Audiovisual pela Universidade Autônoma de Barcelona, onde desenvolveu a tese sobre a mise-en-scène do marketing eleitoral e da publicidade política. Por toda essa postura ativista, faz sentido que seu primeiro longa-metragem, Quase Samba, tenha uma preocupação social, não apenas em sua trama, mas também na forma com que chega ao público.


Para além dos métodos de distribuição tradicional, Targino propõe que o público organize exibições públicas. O convite está no site oficial da produção e é aberto a qualquer um que more em cidades onde Quase Samba não esteja em cartaz. O cineasta está disposto a acompanhar as sessões, conforme a agenda permitir. Na semana que antecedeu a estreia fez uma maratona que incluiu, nesta ordem, o último cine drive-in em atividade no País, em Brasília, a Praça Roosevelt, em São Paulo, o Cine Paseo, em Salvador, e a organização Capão Cidadão, novamente na capital paulista.

Por todo o contexto, alguém pode imaginar que se trata de uma obra panfletária, com discursos em tom de denúncia e cenas chocantes. O caminho, porém, é radicalmente diferente. O filme é marcado por uma textura delicada e onírica, que, em vez de pegar um megafone, canta suave na voz de Mariene de Casto, a protagonista.


Ela é Teresa, grávida de oito meses, que mora com a mulher trans Shirley (Cadu Fávero, impressionante). As duas moram juntas e vão levando a vida: a primeira divide o tempo entre o seu primeiro filho, o emprego numa cooperativa de táxi e as aparições como cantora no rádio; a segunda toca um salão de beleza.


A tranquilidade é interrompida com o reaparecimento de Charles (João Baldasserini), um antigo namorado de Teresa disposto a reatar, sem saber que ela está envolvida num relacionamento abusivo com o policial Fernando (Otto). É deste triângulo que explode o conflito principal.

A trama, de narrativa fragmentada, vai apresentando outras figuras do ambiente: um vizinho que os observa obsessivamente, o instalador de TV a cabo disposto a armar esquema com a milícia, um caso amoroso de Shirley. Em poucas cenas, eles ajudam a compor o quadro de uma comunidade imaginária que poderia estar localizada em qualquer canto do Brasil.
Via




SESSÃO POPULAR EM SÃO PAULO: Galeria Olido 
Cine Olido: Av. São João, 473.
Dias e horários: 23, 24, 25, 26 e 28, 15h. Dias 23 e 24, 19h.
R$ 1,00