Dirigido por Katia Lund e João Wainer, o novo clipe do Emicida, “Boa Esperança”, é um tapa na cara. E este tapa, amigos, está vindo faz tempo.
Um tapa que começou com Rosa Parks sentando onde não podia. Um tapa representado pelos braços negros cor Pantera de Tommie Smith e John Carlos. Um tapa que passou pelo Brasil nas vozes de Tim Maia, Thaíde e DJ Hum e Racionais MC`s. Uma bofetada cantada por Pavilhão 9: “A bomba vai explodir”. Uma revolta bem lembrada pelo Yuka: “Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro”. É difícil lembrar de uma paulada tão forte quanto essa do Emicida. Talvez o Facção Central manchando de sangue o Espaço Rap da 105 FM? Talvez.
Em tempos de discussões tão afloradas sobre temas sociais, o clipe do Emicida, na verdade, não é um tapa. É um aviso. “Cês diz que nosso pau é grande. Espera até ver nosso ódio”. Amém.
A produção é do Laboratório Fantasma em parceria com a bigBonsai.
PS: E que maravilha ver os filhos de Mano Brown, Domenica e Jorge Dias, no elenco. Clap, Clap!
Via
aí pra polemizar [ e é disso que a gente gosta ] a galera entrou numas de comparar com o clipe de G.O.M.D., do J. Cole; tem mesmo enredo / temática.
OK que "nada se cria tudo se copia", mas OK também que umas 5 pessoas podem ter simultaneamente aquele mesmo insight genial que você teve pela manhã... vence mesmo quem corre e joga a ideia pro mundo primeiro... né?
mas isso só quem pode responder mesmo são os idealizadores dos clipes!
o que eu acho?
Uma comparação infundada!
Na minha concepção nem rola comparar qual clipe teve "final mais feliz".
A intenção é por o dedo na ferida; o que dói lá - nos EUA - não é o que dói aqui. cronologia e contextos históricos diferentes.
Lá [ em G.O.M.D. ] dói mais ter uma branca como "auxiliadora"; aqui [ em Boa Esperança ] dói mais ter uma branca sem "saqueada" em plena na mesa de jantar.
Assim como a sistemática da abolição da escravatura americana e brasileira; a cena do rap e o posicionamento do negro são situações bem distintas.
Outro detalhe sobre contextualização dos clipes: Emicida coloca as mulheres negras como heroínas subversivas. O sangue das negras do clipes ferveu como o da guerreira Dandara, da rainha Tereza de Benguela, da baiana Maria Felipa!
E pra fechar a conta: como pra mim rap sempre é conteúdo, ritmo e poesia: Emicida detona nos versos!