25.7.15

25 de julho: Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha

O Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, além de comemorar a resistência da mulher negra, oferece oportunidade para proposição de ações e discussões dentro e fora de movimentos da sociedade civil, a fim de alavancar o enfrentamento da combinação entre racismo e sexismo (duas formas de descriminação que comumente se desdobram em diversas modalidades de violência).

Arte da 6ª edição, o Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha

Em julho de 1992, mulheres negras de 70 países participaram do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, em Santo Domingo, na República Dominicana. O último dia do evento, 25 de julho, foi marcado como o "Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe", para celebrar e refletir sobre o papel das mulheres negras nestes continentes. Mulheres que, mesmo donas de trajetórias diferentes, em diferentes realidades, compartilham batalhas pela própria sobrevivência, de suas famílias e de suas comunidades. Nesta peleja dificultada pelo racismo, elas ainda enfrentam o sexismo presente em inúmeras situações cotidianas e, a partir destas lutas, buscam transformar as sociedades em que vivem.
A criatividade para driblar diferentes formas de opressão nos remete à memória as guerreiras que, desde a escravidão, têm que recriar formas de resistência.

O trabalho braçal a que eram submetidas nas plantações do regime escravocrata, o sexo forçado, as torturas, usados como meio de manter a mulher escrava em "seu lugar" eram práticas reveladoras do peso do que significava ser mulher negra nas colônias. Inviabilizadas em muitas narrativas dominantes, quando não estereotipadas, as mulheres negras ainda lutam para tirar de seus ombros estigmas centenários.
No século XXI, suas vivências ainda permanecem marcadas por violências que combinam ao racismo, outras formas de discriminações: de gênero, de orientação sexual, de idade ou geração, de classe social, de ter ou não alguma deficiência, entre outras. Em determinados aspectos, a própria sociabilidade de muitas delas se dá violentamente ou em contextos de violência.

Em resposta à violência e à invisibilidade, estas mulheres desenvolveram uma feminilidade guerreira, uma possibilidade de se mulher diferente da passividade que o pensamento hegemônico espera. Ao organizarem-se em nome das lutas pela transformação social, pelo fim do racismo, do sexismo, da lesbofobia e das diferentes formas de opressão, as mulheres negras denunciam a invisibilidade que as exclui e participam do cenário político de forma íntegra e resistente.

Via: Centro Feminista de Estudos e Assessoria - CFEMEA 

Dia Nacional de Tereza de Benguela 
e da Mulher Negra


[[[ Olha... como aqui trabalhamos com a verdade e sabemos fazer conta, preciso esclarecer um  fato a vocês, queridos leitores: Teresa de Benguela faleceu em 1770. O quadro Seated Black Woman que supostamente retrata a heroína foi pintado por Felix Vallotton [ viveu de 1865 à 1925 ] em 1911.
Das 2 uma; ou Felix Valloton fez um desenho mediúnico ou essa bela negra envolta em um tecido vermelho não é Tereza de Benguela, e a internet mentiu para nós esse tempo todo!
 By the way... eu amei essa versão do Vik Muniz, por isso usei para ilustrar o post! :)  ]]]

Em  2 de junho de 2014, a presidente Dilma Rousseff; juntamente com a então Ministra-chefe da SEPPIR Luiza Helena de Bairros; sancionou a Lei nº 12.987/2014, que instituiu  o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, a ser comemorado, anualmente, em 25 de julho.

Tereza de Benguela é considerada uma heroína por ter combatido a escravidão e a opressão. Foi uma líder do quilombo de Quariterê, viveu durante o século 18 em Guaporé, próximo a Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, Região Centro-Oeste do Brasil, perto da fronteira com a atual Bolívia. Com a morte do marido, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, mantendo-se ativo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.

A rainha Tereza de Benguela pode ser comparada a Zumbi dos Palmares, um dos símbolos da resistência negra no Brasil. Valente e guerreira ela comandou uma comunidade de três mil pessoas. Uniu negros, brancos e indígenas para defender o território  onde viviam. Liderou o desenvolvimento do quilombo, implantando  o uso do ferro na agricultura.  Sob  seu comando o quilombo cresceu tanto que agregou índios bolivianos e brasileiros. Após o quilombo ser extinto, Tereza foi presa e suicidou-se.

Ainda que tantos outros dias fossem instituídos para refletir, debater e definir estratégias de mudança; pode soar clichê mas eu digo: todos os dias são nossos!
Mesmo que o mundo nos dê 1/3 de oportunidades [ perco 1/3 para 1 homem, perco + 1/3 por não ser branca ] podemos tudo e iremos aonde quisermos.
Apesar de estarmos na base da pirâmide social, econômica e política; lá não é nosso lugar... Deixe o mundo saber disso!

"A beleza de uma guerreira não está na perfeição do óbvio, na efemeridade do comum; e sim nas cicatrizes que ela carrega em sí.
Histórias, vitórias tatuadas no âmago de sua essência incomum."
Michelle Nery